Há muito tempo "ele"
estava ali. Ansiava por "aquele" que o espreitava.
Onde esperava era frio. escuro.aconchegante.
Quando foi a ultima vez que saira
de lá?
Não fazia idéia, mas em seu
intimo sabia que logo sairia dali.
talvez o anuncio da
liberdade estivesses naqueles indagadores passos
tac!tac! tac!
Os passos sempre cessavam bem
próximos a "ele".
--Venha!!!
Berrava seu coração acelerado.
tac! tac ! tac !
--Vamos, mais alguns passos.
Nada.
Há quanto tempo não deslizava suas
garras insinuosas contra o pescoço de um jovem corajoso?
Quanto sangue fora derramado ali, por uma simples escolha.
Abrir o armario velho.
Seu corpo velho e cansado
necessitava sentir os jatos de sangue molhando seu rosto deformado pelo
fogo de eras passadas. O sangue descia pela sua garganta tocando seu peitoral
cheio de cicatrizes tapadas por seu pelos.Lembrava que suas duas
corcovas também sentia o calor da vida sendo derramada sobre ele.
Saboreava-se com suas lembranças.
Nunca precisou do mundo la fora.
Não estavam pronto para ele ou estavam prontos o bastante. Pensar em sair dava
cala frio. Seu único olho no meio da face não curtia o barato da claridade.
Enxergar não era necessário quando se tinha dois narizes com olfato
apuradíssimo e uma audição que pouco o enganava.
--Recostou em seu armário metálico.
Há sua frente, apenas o azul metalico do seu pequeno cubículo chamado armário. Fora
dele.hahaha.fora dele....Vida.
Saimon era um garoto genial, 15
anos e já era tricampeão da feira de ciências modernas da cidade.Mas não se
limitava a isso, era o armador e capitão do time de basquete da sua cidade,
seus lábios grossos, e seu nariz grande e achatado eram motivos de chacotas
entre os boyzinhos. Ele ignorava, sua cor nunca fora uma vergonha e nem era o
motivo de seus esforços para ser melhor que todos em varias coisas.
Saimon tinha um plano. E ser bom em coisas que gostava fazia parte desse plano.
Por hoje só isso saberemos dos planos desse jovem.
Como todo sábado, fazia sol. Era necessário
irrigar a grama do quintal. Essa era a tarefa que Saimon executava desde
menino.
--Vá, desça e ligue a torneira
que fica no saguão da antiga garragem.Mas.....
A garagem era pequena e velha. O
bege que fora motivo de discussão na mesa do jantar há séculos atrás já não se
fazia presente,era apenas uma cor velha de madeira podre.Uma porta apenas,sem
janelas, chaminés e qualquer outra forma de saida. Parecia uma prisão.
--Pelo amor de Deus,não toque
naquele MALDITO armário!!--Sua mãe alertara.
Era maio,talvez o ultimo
maio.Saimon adorava profecias e essas coisas de fim de mundo. Se fosse
para ser o ultimo sábado de maio de todos....
--O que será que tem naquele armário?
Caminhou pela grama quase verde
com a curiosidade habitual. Odiava descer naquele lugar,sentia frio e por
varias vezes se pegou procurando por alguém que o observava.
--É só coisa da minha cabeça.
De frente para porta velha,
se lembrou da noite em que seu avô por parte de mãe fez uma espécie de ritual,
algo com sal e palavras que ele não compreendia muito bem.Nunca sentiu
tanto medo como naquela noite e jurou nunca entrar naquele lugar
estranho,mas uma queda tornou impossível para sua mãe realizar a tarefa de
descer aquelas escadas sozinha e ligar a bomba que irrigaria toda a grama.
--Querido, não há perigo!!Só
fique longe daquele MALDITO armário!!
Arrastou de leve o seu chinelo
velho contra a terra certificando que o sal permanecia ali.Sim, genial, o que
quer que seja, esta preso, não pode sair da garagem, porem, ficara preso
comigo lá dentro.--sorriu com os lábios trêmulos de ansiedade,exatamente como
fazia todos os sábados.Mas sentia que aquele sábado seria diferente.Por que?
Não fazia idéia.
Abriu a porta de uma só vez e
dando uma olhadela ainda estando do lado de fora verificou o velho
fusca de seus antepassados tapado com uma lona empoeirada, colocou apenas
a cabeça para dentro encontrando ali as bugigangas de seu avô. Respirou
fundo e tomado de coragem olhou para o vão com as escadas para baixo. Estralou
os dedos da mão. Seu ritual particular. E entrou. Passos rápidos, quase que uma
corrida de marcha. É engraçado como temos o desejo de não deixarmos
transparecer o medo, mesmo achando que não há nada para temer, por algum motivo
o medo estava lá, sim estava no MALDITO armário do vô.
O fusca já ficara para trás,agora
era só....Parou olhando atentamente para a escada.Se agachou e pegou do lado do
corrimão sua lanterna,era tão grande que era necessário segura-la com as duas
mãos.Ascendeu iluminando a parede,olhava para a parede a sua frente.
--Quando você descer a lanterna
pela parede ate o fim da escada não haverá ninguém lá garotão. Vamos!
Deu o primeiro passo pelo degrau
da escada e sentiu o ranger da tabua velha arrepiando seus pelos,
impulsivamente iluminou o fim da escada. Nada.
Um já foi, agora faltavam
dez,nove,oito...Medo,o ranger agudo e torturante, e o calor o
acompanharam ate o fim da escadaria.
Tac! Tac! Tac! Tac!
"O monstro acordou"
Caminhava desabotoando
parte de sua camisa, estava abafado,um quarto embaixo da garagem de madeira, a
torneira estava a cinco passos a direita, sabia disso, mas....
--E se hoje fosse o ultimo sábado
de todos?
A lanterna iluminava o armário
azulado, igual ao que ele usava na escola para guardar seu material
.Mesmo com todo aquele ritual e clima, ainda assim queria abrir aquele armário.
O chão úmido fazia seu passo estralar provocando um eco,nada escandaloso,mas audível
o bastante para "ele" escutar.cinco passos para frente.
Tac! Tac!
Tac! Tac! Tac!
Mais dez passos e estaria de
frente para o armário,a voz de sua mãe conflitava com sua própria idéia de
ultimo sábado.
Maldito armário!Ultimo sábado!Sábado!
Armário! MALDITO! MALDITO!MALDITO SABADO.
--Gyaaaaaaa--Estremeceu
Um pássaro entrara pela porta
agitando suas asas e gritando por cima do fusca.
Saimon fechou os olhos forçadamente,
fora dominado por uma dor de cabeça gerada pelo susto, Saimon tinha muito disso.
Nunca fora um jovem de fortes emoções.
Dane-se o pássaro,as palavras da
sua mãe e o ritual de seu avô, estava determinado, dez passos vorazes ate o armário,
mão na maçaneta.
Dane-se o Sábado. Girou a
maçaneta.
Dentro do armário escutava.
Tac!Tac! Tac!Tac!
Adrenalina. Respirar se tornava
exaustivo.Ofegava alimentado pelo desejo.
-É agora, É agora!
Tac! Tac! Tac!Tac! Era o
barulho da água que pingava da torneira.
Tac! Tac! Tac! --A torneira
pegava pressão e era o fim da goteira.
Tac! Tac! T..Silêncio....
Saimon Não andou para frente nem para trás.Jamais deu passo algum, se virou ligou
a torneira e partiu. Não seria o ultimo sábado hoje. Talvez sábado que vem.
Muller da
Costa Rocha Gomes
louboutin
ResponderExcluirgolden goose sneakers
hogan outlet online
yeezy boost 700
adidas ultra boost
golden goose
curry 4 shoes
mbt
air max 97
michael kors
balenciaga speed trainer
ResponderExcluirnike air force 1 high
supreme outlet
ultra boost
off white hoodie
golden goose
balenciaga shoes
yeezy boost 350 v2
michael kors outlet
yeezy boost 350