A Procura Viking

sábado, 16 de julho de 2011

Matéria Especial

Destruição e adrenalina no Rio de Janeiro de Velozes e Furiosos 5



Extremamente complicado levar Velozes e Furiosos: Operação Rio a serio. Eis os motivos: é um filme de ação que chega no quinto capítulo, retomando tudo aquilo que Tom Cruise (Missão Impossível) e Matt Damon (Trilogia Bourne) já fizeram nas telas dos cinemas, ou seja, um absurdo após o outro, cenas de ação exageradas e muita testosterona saltando em direção ao público. Outro motivo para rir de Velozes e Furiosos 5: Vin Diesel é um monte de músculos que não sabe, coitado, atuar. Suas parcas tentativas de criar um personagem diante da tela soam frágeis e constrangedoras. São tantos pontos para se abordar nesta análise de Velozes e Furiosos 5 que acho melhor dividi-los por partes, como diria Jack, o Estripador: primeiro, vamos passear pelo roteiro (será que existe?), depois, analisar os bons e os maus momentos desta narrativa de ação que poderia ser bem menor: já pensou num filme de duas longas horas de duração? Para piorar, o sexto filme já está a caminho. Por fim, dialogaremos com a polêmica envolvendo o filme e o espaço do Rio de Janeiro.

Não adianta dor de cotovelo dos fãs, alegando que o filme fez sucesso, isso, aquilo. Prova de que o mundo anda domado pela cultura da mídia é o sucesso de vendas do último (e pior) cd da carreira de Britney Spears. Considerado um dos mais vendidos da mocinha, FemmeFatalle é a prova viva de que, desculpem-me os termos, merda vende. E muito.

Sobre o enredo: adrenalina pura e cenas de tirar o fôlego

De uma coisa eu estou certo e nem perco tempo para reflexões mais profundas: os produtores da franquia Velozes e Furiosos não estão preocupados com os problemas de continuidade, absurdos e longevidade da história. Há público disponível para este filme. Acredito, assim, que haja uma explicação plausível: as cenas de ação são extremamente bem elaboradas. São centenas de carros destruídos, mulheres sensuais detonando tudo, vilões e mocinhos brigando pelo dinheiro sujo da corrupção do tráfico e muita, muita velocidade nos carros importados que mais parecem aquelas miniaturas que colecionamos desde criança.

Eis a sinopse oficial: Vin Diesel e Paul Walker lideram a reunião dos astros de todos os capítulos da explosiva franquia de velocidade em Velozes e Furiosos 5 - Operação Rio.Desde que Brian e Mia Toretto (Brewster) tiraram Dom da cadeia, eles vivem atravessando muitas fronteiras para enganar as autoridades. Agora, encurralados no Rio de Janeiro, eles precisam fazer um último trabalho para ganhar sua liberdade. Enquanto montam uma equipe de elite de pilotos de corrida, estes aliados improváveis sabem que a única possibilidade de se saírem bem será confrontar o empresário corrupto que quer vê-los mortos. Mas ele não é o único que está atrás deles.O agente federal Lucas Hobbs (Johnson) nunca erra o alvo. Quando é indicado para perseguir Dom e Brian, ele e sua equipe de ataque iniciam uma caçada incessante para capturá-los. Mas, enquanto seus homens se enfiam pelo Brasil, Hobbs descobre que é impossível separar os mocinhos dos bandidos. Agora, ele deve confiar em seus instintos para encurralar suas presas, antes que alguém mais o faça.


No que tange a estética da recepção, Velozes e Furiosos 5 é eficiente: rende muito bem nas cenas de ação. São muito bem elaboradas, repito. Cenas de tirar o fôlego que agradam aos fãs da franquia e aos saudosos dos filmes de ação dos anos 90 e 2000, como por exemplo, Velocidade Máxima, A Senha ou qualquer coisa detonadora produzida pelos mestres Bruce Willis e Arnold Schwarzenegger.

Bom, se serve de consolo, Umberto Eco já dizia: o cinema é uma grande máquina de inventar mentiras. Se formos pensar por este lado, Velozes e Furiosos 5 não é tão nocivo assim. Os problemas, no entanto, são maiores.

Altos e baixos de Velozes e Furiosos 5: Operação Rio

Selton Mello que se deu bem. Discretamente, declinou do convite alegando que adoraria fazer filmes fora do país, mas que não tinha interesse por essa via. E por outro lado, coitado de Aristóteles. Deve estar se remexendo onde quer que esteja. Se fossemos pensar na teoria deixada pelo mestre da filosofia, Velozes e Furiosos 5 levaria um zero bem grande no que tange o método de avaliação. Verossimilhança nota zero. Entendemos tão bem o Homem Aranha tecendo no Impere States e outras coisas. Mas as cenas de Velozes 5 realmente são absurdas demais. Como é que, por exemplo, a personagem desenvolvida por Jordana Brewster, grávida, consegue correr, pular tantos telhados das favelas cariocas, realizar manobras em velocidades superiores aos 200 km/h e ainda se manter linda e maquiada durante as cenas que aparece, sustentando a sua tão desejada gravidez?


Há a cena da personagem de Elsa Patak, que precisa seduzir o vilão da história para roubar algo dele que faça a narrativa deslanchar. Se estivéssemos em outro contexto, tudo bem. Mas em pleno Rio, com as mais belas mulheres do mundo, Elsa desfila num ritmo de câmera que valoriza as suas marcas, que sinceramente, perdem muito se comparadas ao perfil da mulher brasileira, cá pra nós, as mais belas do mundo.

O Brasil na narrativa cinematográfica estrangeira: olhares míopes


2011 foi um ano polêmico no que tange as produções de cinema que utilizaram o Brasil como centro da narrativa, ou pelo menos, trechos rápidos pelo espaço. Não é de hoje que o Rio de Janeiro e o Brasil, de forma geral, são abordados com insistência pela cinematografia estrangeira. Lançar um panorama destes estudos aqui seria alongar demais no texto e não tenho a pretensão, pelo menos neste momento. A câmera pega exatamente as favelas em quase todas as tomadas externas.

O churrasco e a camisa da seleção brasileira estão presentes da história. Mais eficiente como narrativa que a animação Rio, Velozes e Furiosos 5 aborda o Brasil na perspectiva da favela. O primeiro plano que situa o público na história é a Baia de Guanabara e consequentemente, o monumento Cristo Redentor. Por sinal, o Cristo aparece numa panorâmica por diversas vezes.


A ideia de impunidade, corrupção entre policiais e bandidos e a sexualidade latente estão presentes no filme. A sexualidade, no entanto, apareceu canhestra. Aquelas moças de roupas seminuas nada possuem de brasilidade. A música do filme prefere seguir por outro caminho, mais técnico e menos brasileiro. Filmado em Porto Rico mas com enredo situado no Brasil, logo entendemos os motivos que nos levam a ver que aquele ali não é o Rio de Janeiro que estamos acostumados a ver nas novelas e na televisão.

O discurso do vilão Reis chega a ser interessante. Ele alega que os espanhóis que aqui chegaram, utilizaram a violência para dominar o povo. Segundo ele, prefere atuar com os métodos portugueses, que conquistaram os índios através do escambo. Segundo o mesmo, sua conquista pela violência só geraria violência, porque os famintos da favela não tem nada a perder. Ele prefere conquistar dando educação, energia elétrica, saneamento. Mesmo descuidado, afinal, os espanhóis colonizaram a América mas os portugueses foram os dominadores do Brasil, o discurso propõe uma interessante discussão no viés acadêmico. Deixo para outra oportunidade.




Vídeo em destaque:





Boom éh isso aê povim espero que gostem da matériia (:

Bjoos Thais Marques




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