A Procura Viking

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Por karin k. carteri

Fala galera, leia esse texto, nuss mt incrivel e foi escrito por karin k. carteri vi outros contos incriveis dele ou dela, não sei o sexo ç.ç kkkkk desculpem >,<

Conto da Semana






Tateava buscando a terra firme, a firmeza da terra que a cobria, o cheiro da terra, quase um fedor, ou um fedor quase como um cheiro, forte, agressivo. A grama arrancada, misturada na terra, misturada na terra com o fedor; a terra debaixo das unhas, das unhas ainda não arrancadas, ou quebradas com as pedras,
pedras diversas ajuntadas à terra. Tateava buscando o apoio seguro, um aliado para sair dali, daquele lugar que não deveria estar ali, não naquele lugar, nem naquele momento.  E caia, caia dentro do lugar, caia de novo, queda recorrente, sina perpétua, interminável, insuportável porque infinda.  E o cheiro, o cheiro-fedor, penetrante, ferindo as narinas, as narinas agredidas pelo aroma-cheiro-fedor indescritível, onipresente naquele lugar que não deveria estar ali. Tateava novamente, tateava insistentemente, até que a terra a derrubava, a terra a tragava para dentro do lugar outra vez para outra vez o lugar que não deveria estar ali, a engolir.  A terra molhada, a terra encharcada de fluidos, secreções, fluidos-secreções cujo cheiro, cujo fedor a enauseavam, náusea intermitente, causa do vômito, do vômito que se misturava à imundície daquele lugar que não deveria estar ali. Embaixo das unhas que restavam, mais terra, mais daquela terra imunda, fétida, e mais pedras, mais da grama arrancada, mais do aroma nauseante, aroma-cheiro-fedor da terra que conspirava contra ela. Mais uma tentativa, mais uma unha arrancada, mais sangue misturado aos fluidos, secreções da terra que voltava a deitar-se sobre ela, forçando-a ao lugar que não deveria estar ali. O enjoo daquele lugar, lugar inencontrável, imponderável. Tateava a terra inimiga, cúmplice do agressor, terra ignota, ameaçadora, assassina; tateava e chorava, as lágrimas descendo pelo rosto enferidado, chegando à boca, juntando-se com a saliva arfante, tudo se misturando à terra carrasca, no lugar que não deveria estar ali. Porém ali estava o lugar, e o lugar era o fim de tudo, a absoluta falta de rumo, nada além da espera pela morte vindoura, morte que viria prendê-la à terra, à terra que a sufocava, terra que ela tateava buscando sair daquele lugar.  Tateava e tateava, e chorava e caia e sangrava, as carnes enferidadas, arrancadas, carnes e dentes emaranhados na terra assassina. Tateava infinitamente, presa ao lugar que ali estava, mesmo que ali não devesse estar; lugar que a aprisionava, a aprisionava na morte, morte-carcereira, que a observava, pela eternidade, tatear... 


Por karin k. carteri

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagens populares

Zoológico do Muller

Park Pimguis turtle

Followers